terça-feira, novembro 27, 2007

Tristeza

Tristeza
Eu não quero mais
Nenhum
Papo com você

Estou de saco cheio
Não quero nem saber
Quem foi
Que dobrou a esquina
Que envernizou
A asa da barata

Não me traga lembrança
Nem me dê esperança
Quero ficar só
Comigo mesmo
Pra eu achar um jeito
De sair de qualquer jeito
Desse jeito que estou

Quero apenas
Mudar de humor
Sentir alegria
E encontrar de novo
Um novo amor
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O cão late

O cão late
Acorrentado
Preso trancado
Dentro do apartamento

O cão late
Incessantemente
E cada vez
Que ele late
Os cães
De outros apartamento
Latem juntos
E com eles os da rua
E como ele
Não para de latir
Os cães das outras ruas
Latem também
É por fim
Uma sinfonia
De latidos
Que não tem fim

Como alguém
Pode deixar
Um cão sozinho trancado
Dentro de um apartamento
Sem amor, sem carinho.
Quando não se tem,
Condição de criar bem
Não se deve maltratar
Nenhum cão assim

Nenhum cão merece
Ser tratado dessa maneira

Chamo a polícia
Ou chamo a Sociedade
Protetora de animais?
Com tantos latidos
Não sei mais
A quem devo recorrer.
Pra não ouvir mais
O cão sofrer
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Com a lua em cancer

Com a lua em câncer
Acho que é uma boa hora
De preparar-me
Para dar início
A antigos projetos
Escrever
Um livro solo
Inscrever-me
Numa academia
De ginástica
Para perder
Alguns quilinhos
E melhorar a aparência
Vou também
Plantar um Bonsai
A lua em câncer
É boa para plantar
E cortar cabelo
Também vou aproveitar
E vou hoje mesmo
O meu cabelo cortar
Se tudo isso der certo
Escrevo contando
Se não der nem vou comentar
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sábado, novembro 10, 2007

Não sei

Não sei
O que você pensa
Mas, penso.
Que pensar
Pode dar
Muito prazer
A quem
Aprendeu a pensar
A quem
Aprendeu a viajar
No pensamento
Penso
Que pensando
Posso melhorar
A mim e ao mundo
Ao meu redor
E sem rodeio
Vou direto
Ao assunto
Antes de virar presunto
E ficar sem assunto
Pois quero viver
Um grande amor
Seja como e aonde for
Aqui na China
Ou em Paris
Um dia eu quis
Ir ao Egito
Mas a África
É muito quente
E quente por quente
Fico aqui no meu pais
Enquanto posso
Chamá-lo de meu
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sexta-feira, novembro 02, 2007

A escada

A escada
O passo
Passo à passo
Desce
A boca nervosa
Engole mais uma
Pessoa apressada
Para pegar o metrô
Ele chega
Apita
E logo se vai
Ela senta
E logo cochila
Cansada
Exausta
Próxima estação
Sumaré
Ela desperta
Quando
O anúncio soa
Ela espera
A porta abrir
Pra descer
E sumir
Na noite
Da Avenida Dr. Arnaldo
Na Confraria
Ela entra e senta
Tenta resistir
Mas o garçon lhe traz
Um Cuba Libre
Ela olha
Cheira e bebe
Sorri
Agora sim
Está tudo bem
Até o próximo copo
Até o próximo trem
ABittar
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